Coronavírus aumenta gasto energético de células do cérebro para se replicar

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SÃO PAULO – Alterações de memória recente e confusão mental estão entre as sequelas neurológicas mais comuns da Covid-19, comprova pesquisa científica da Universidade de São Paulo (USP). O estudo, publicado nesta sexta-feira (05) pelo governo estadual e enviado ao deputado Edmir Chedid (DEM), membro da Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa (Alesp), foi realizado com hamsters.

De acordo com o parlamentar, a pesquisa científica ajuda a entender como esses sintomas surgem e talvez até indique um caminho para combatê-los. “A pesquisa foi conduzida com os animais vivos e com astrócitos isolados do sistema nervoso central dos roedores e cultivados in vitro. Os resultados sugerem que a infecção pelo SARS-CoV-2 acelera o metabolismo dessas células nervosas e aumenta o consumo de moléculas usadas na geração de energia, como a glicose e o aminoácido glutamina”, destacou o parlamentar com base no estudo.

Edmir Chedid explicou que o grande problema, no entanto, é que a glutamina também é importante para a síntese de glutamato – principal neurotransmissor envolvido na comunicação entre neurônios –, que aparentemente fica prejudicada. “Nos animais, a presença do vírus e alterações no nível de proteínas relacionadas com o metabolismo energético foram observadas no hipocampo (região do cérebro fundamental para a consolidação da memória e no aprendizado) e no córtex (importante para a memória, cognição e linguagem)”, disse.

A pesquisa científica sugere que o SARS-CoV-2 superativa o metabolismo dos astrócitos de modo a obter mais energia para replicar seu material genético e produzir mais partículas virais. “Tanto que, quando usamos uma droga para bloquear a glutaminólise [a produção de energia a partir de glutamina], a replicação viral nas células em cultura foi reduzida em cerca de um terço”, conta Jean Pierre Peron, professor do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB-USP), pesquisador da Plataforma Científica Pasteur-USP (SPPU) e coordenador da pesquisa.

O projeto contou com a colaboração de grupos da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e do Centro de Pesquisa em Doenças Inflamatórias (CRID) da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP-USP). Recebeu apoio da FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) por meio de seis projetos; os resultados preliminares foram divulgados no repositório bioRxiv, em artigo ainda sem revisão por pares.

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Anselmo Dequero
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