OPINIÃO | “O (triste) descaso com a saúde pública de Bragança Paulista”

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Unidade de Pronto-Atendimento Bom Jesus, anti Hospital Bom Jesus, desativado pela prefeitura de Bragança Paulista.


por Edmir Chedid*


A comunidade bragantina recebeu com profunda amargura a notícia sobre o encerramento das atividades da Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) Bom Jesus (anti Hospital Bom Jesus). Todos os agentes públicos e políticos que estiveram direta ou indiretamente envolvidos na criação desta unidade de saúde também deploraram, com imenso pesar, a decisão da prefeitura de Bragança Paulista, que está se isentando de sua responsabilidade e simplesmente ignorando os apelos dos que mais necessitam de apoio no município.

O Hospital Bom Jesus foi construído em 2001 para atender a população da zona norte do município, que na época encontrava muitas dificuldades no atendimento ambulatorial sobrecarregado da Santa Casa de Misericórdia. Também surgiu como alternativa à espera por consultas e aos atendimentos registrados nas Unidades Básicas de Saúde que não conseguiam atender a demanda. Há três anos, porém, o então prefeito João Afonso Sólis (Jan) o transformou em UPA para conseguir recursos do Ministério da Saúde, o que nunca ocorreu.

Nesta atual gestão pública municipal, o prefeito petista Fernão Dias da Silva Leme declarou que a “unidade é irregular” e que, segundo ele, provoca um custo anual de mais de R$ 8 milhões aos cofres públicos. Sem apoio do governo Federal, cuja presidente também é petista, o prefeito simplesmente decidiu fechar o que já foi motivo de orgulho entre a população. Para ele, todos os arranjos que cercaram o encerramento da UPA promovidos pela prefeitura irão resultar em economia, deixando de lado o que realmente almeja a comunidade.

Mais que um retrocesso, o encerramento das atividades comprova o que classifico como incapacidade e ineficiência da atual administração pública municipal que, em vez de promover a melhoria dos serviços prestados e a consequente ampliação do acolhimento gratuito à comunidade, optou por reduzir o atendimento aos pacientes. Incapacidade e ineficiência que também ignoraram o plano de governo amplamente divulgado na campanha eleitoral de 2012 realizada pelos atuais gestores públicos municipais.

Ara, os pacientes terão de procurar, pelo menos nas próximas 48 h e segundo a própria prefeitura, pela Santa Casa de Misericórdia, que já possui problemas em seu atendimento. Mas para desviar a atenção e o descontentamento geral (para não dizer frustração) em relação ao encerramento das atividades da Unidade de Pronto-Atendimento, a administração publica promoveu uma estratégia para reverter à situação de caos que irá se instaurar entre a comunidade a partir da inauguração de uma unidade na Vila David.

A manipulação política e o total desrespeito também podem ser observados com a intenção da prefeitura em desativar as farmácias das unidades básicas de saúde (UBSs) que serão substituídas por quatro polos de distribuição no município (apesar da afirmação, a administração pública não declarou onde e quando isso ocorrerá). Desta forma, e diante dos fatos comprovados e divulgados pela imprensa, afirmo que o descaso com a saúde pública está comprovado no município, o que, repito, lamento profundamente em nome da comunidade!

A atitude da prefeitura de Bragança Paulista ocorreu justamente no dia em que anunciei a liberação de R$ 16,4 milhões ao Hospital Universitário São Francisco. Diante da incompetência da atual administração pública municipal, tenho tentado buscar cada vez mais recursos para o HUSF e a Santa Casa de Misericórdia na tentativa desesperada de reverter o quadro de caos que se instaurou na saúde pública bragantina. Aos que estão de fora, tal decisão até parece propositada na intenção de se prejudicar o processo eleitoral deste ano.


* Advogado, deputado e 2º Secretário da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo.

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